Edifício é impactado pelo Mergulhão da Avenida Marquês de Paraná
Moradores dizem que obras na via do Centro causam danos em prédio na Rua Euzébio de Queiroz. Cisterna em condomínio apresenta fissuras, que ocasionam vazamento de água
Os transtornos de uma obra iniciada em maio de 2011 vão além dos impactos viários no trânsito da cidade. As intervenções para construção do Mergulhão da Avenida Marquês de Paraná modificou a vida do niteroiense e, de igual forma, de 16 moradores de um condomínio da Rua Euzébio de Queiroz. “Passados quatro meses de obras detectamos que nossa conta de água subiu de R$ 570 para R$ 3 mil. Fomos até a concessionária, onde nos alertaram para um possível vazamento, chamamos uma empresa especializada e o técnico checou toda a rede de abastecimento, bem como de esgoto, entretanto, não encontrou nada. Esvaziamos a cisterna e lá ele constatou quatro fissuras”, relatou Cátia Tinoco de Carvalho, de 34 anos, proprietária de um dos apartamentos do residencial.
“O profissional nos advertiu, inclusive, para o fato da água estar vazando para o solo, deixando o prédio sob risco de instabilidade. Levamos o laudo até a Defesa Civil, eles vieram e realizaram uma vistoria em setembro do ano passado. Após confirmarem o problema, nos orientaram a procurar a Emusa (Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento) para providenciarem os reparos. No dia 6 desse mesmo mês demos entrada no processo, contudo, até agora nada se fez”, acrescentou.
Ao mesmo tempo, Cátia afirmou que negociou com a Águas de Niterói para comprovar a responsabilidade das obras do Mergulhão no aumento do consumo hídrico do prédio. “Eles levaram isso em consideração até um determinado momento, pagávamos R$ 460 de parcela das contas acima do normal em aberto mais a média do consumo do mensal, porém, tudo mudou”.
“Nosso hidrômetro foi lacrado, pois fomos informados da necessidade de liquidarmos a dívida de R$ 14 mil de imediato, valor somado das cobranças referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março. Estamos economizando ao máximo porque no fim de tudo só nos restou, justamente, a água da cisterna, onde existe um vazamento de dez centímetros por hora que provoca um encharcamento grande do terreno”, detalhou.
Impasse – A Águas de Niterói comunicou que técnicos da concessionária estiveram no edifício e constataram o problema através de testes realizados na cisterna, onde foram percebidos pontos de vazamento, sendo necessária a contratação de uma empresa para recuperação do reservatório.
A companhia sustentou, ainda, que viabilizou deduções ao imóvel nas referências 09/2011 a 12/2012. “Durante todo esse período o excesso consumido, devido ao problema, foi suportado pela concessionária. Como o condomínio não providenciou o reparo, A Águas de Niterói, a partir da referência 01/2013, faturou as contas pelo consumo medido”.
De acordo com a concessionária, para que o abastecimento hídrico do prédio seja restabelecido, o condomínio deve renegociar o débito. “Águas de Niterói concedeu tempo suficiente e assumiu o desperdício durante mais de um ano para que se pudesse contratar uma empresa. É imprescindível reformar a cisterna, pois não adianta negociar o débito atual e nas próximas contas o consumo continuar elevado devido ao vazamento”, pontuou.
Já a Defesa Civil municipal confirmou que realizou uma vistoria no edifício em setembro de 2012 e um laudo sobre o problema foi emitido pelo órgão em fevereiro deste ano. Após a vistoria, o órgão argumentou que alertou para o risco estrutural por conta do vazamento da cisterna. No entanto, “como a obra é particular, os reparos são de responsabilidade única e exclusivamente dos moradores”.
Apesar do laudo do órgão alertar sobre o risco estrutural do imóvel, a Defesa Civil afirmou que o documento “não traz informações sobre interdição do prédio, apenas a necessidade de realizar o reparo”.
Mesmo sem uma implicação direta das obras do Mergulhão da Marquês do Paraná nos danos da cisterna do condomínio, Cátia Carvalho assegurou não ter dúvidas da relação. “Em 2010 fizemos a reforma de todo o nosso sistema de esgoto e abastecimento, trocamos o hidrômetro, assim como impermeabilizamos a cisterna. De madrugada, quando as estacas batiam no chão, a vizinhança inteira tremia”, lembrou.
O FLUMINENSE
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