terça-feira, 8 de setembro de 2009

Amendoeiras - Renato Botelho da Cunha Mello

Amendoeiras

De:
renato botelho/susy
Para:
edsonpaim
Assunto:
Amendoeiras
Data:
07/09/2009 23:24


Caro Paim,


Esta em curso em Niterói uma ação inusitada e equivocada de arborização implantada pela Prefeitura desta cidade.

Começou e Charitas e agora se estendeu a Icaraí. As amendoeiras estão sendo cortadas e substituídas por coqueiros ou, em alguns poucos casos, por outros tipos de palmeira. O alto custo desta política deixa dúvidas quanto à sua prioridade, pois sabemos da existência de outras áreas carentes de recursos em nosso município.

O argumento de que as amendoeiras não são autóctones do Brasil é totalmente equivocado. Também não o são os coqueiros, as palmeiras imperiais, os pinheiros europeus e muitas outras árvores comuns e nossos parques e áreas de lazer. O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma palmeira perene originária do Sudeste Asiático e foi introduzida no Brasil em 1553 pelos portugueses

O argumento de que as amendoeiras desfolham também é pouco relevante pois a maioria das árvores desfolha no inverno, embora isto não ocorra com alguns tipos de amendoeira. Se este fato fosse determinante todas as árvores de altas latitudes teriam de ser todas cortadas pois desfolham no outono. Pelo contrário, as paisagens coloridas na época do desfolhamento são de beleza deslumbrante.

A erva de passarinho também não escolhe hospedeiro, ataca todas as árvores igualmente. Neste caso ocorre um descaso da prefeitura que não combate esta praga com a freqüência devida.

Em São Francisco ocorreu uma agressão a nossa paisagem. As amendoeiras foram substituídas por coqueiros. Restaram apenas 23 amendoeiras, vítimas de criminosa poda radical, tendo sido plantados 250 coqueiros e algumas outras palmeiras. O coqueiro é lindo mas o mesmo não ocorre com o coqueiral que torna a paisagem monótona devido à pouca variedade de forma desta árvore. Basta que passemos por São Francisco e Charitas para constatarmos esta diferença. São Francisco não é mais o mesmo, virou o Coqueiral de São Francisco.

Esta mudança é também tecnicamente incorreta pois viola o princípio de que não devem ser usadas árvores frutíferas na arborização. O coqueiro insere também risco para pessoas e viaturas pela queda freqüente de pesados cocos e "galhos". Necessitamos também de sombra e nossos dias de forte calor de verão, o que não nos fornecem os coqueiros. O coqueiral é também vulnerável a pragas que certamente virão a ocorrer, como é comum em toda monocultura.

Esta política equivocada foi agora estendida a Icaraí. Algumas das frondosas amendoeiras da Praça Getúlio Vargas, em frente à UFF, foram cortadas e substituídas por palmeiras. Uma agressão que já motivou outros veementes protestos.

Sugerimos aos responsáveis por esta cara mudança que atravessem a Baía de Guanabara e visitem o Parque do Flamengo. Esta obra do imortal Burle Marx mostra a beleza da diversidade. Passando pelas vias do aterro e observando a arborização veremos que prima pela diversidade. As árvores são distribuídas de forma não uniforme transformando cada área em um grupamento diferente das demais. Esta opção dinamiza e embeleza o conjunto. Não podemos mais contar com este gênio, mas podemos aprender com ele.

Estamos todos satisfeitos com as belas paisagens de Niterói, que amamos e não queremos que sejam alteradas.

Não queremos que nossas praias e ruas sejam transformadas em coqueirais!



Abraços,



Renato Botelho da Cunha Mello,

Engenheiro - Morador em Charitas

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